sábado, 13 de outubro de 2012

Quando os contos de fada enfrentam o mundo real



Vocês já imaginaram como os personagens da Disney se sairiam no mundo real? Branca de Neve seria tão ingênua ? Cinderela seria tão passiva? O Chapeleiro Maluco seria tão maluco ? As rainhas más não teriam um lado bom, afinal de contas?Foi com essas e outras dúvidas que passei a assistir a série Once Upon a Time, antes mesmo do sucesso chegar.

 A história começa quando, no dia do casamento de Branca e seu príncipe, a Rainha Má joga uma maldição que mergulhará todas pessoas do reino num mundo horrível onde ela poderá vencer (O nosso mundo é claro...). Desesperada, Branca de Neve passa meses atrás de uma solução e a Fada Azul revela que um carvalho mágico poderá proteger uma única pessoa enviando-a para nosso mundo antes da maldição ser lançada e essa pessoa poderá voltar e quebrar o feitiço. Quem é que vai? A filha da Branca de Neve e o Príncipe Encantado, Emma.

Só que como ainda é um bebê, ela não lembra de nada, claro, cresce cética e se transforma numa espécie de caçadora de recompensas quando adulta. Emma( Jennifer Morrison, de House) é durona e solitária, até receber a visita de um garoto que é nada menos que o filho que ela teve há dez anos e deu para adoção... Com os sentimentos confusos, ela vai deixar o menino, Henry, na cidade onde mora, Storybrooke. Só que quem é a mãe adotiva do garoto é nada menos que Regina, a Rainha Má e Storybrooke é onde os personagens de contos de fada ficaram aprisionadas em vidas medíocres sem lembrarem nada do passado. Regina é a prefeita, Branca de Neve é uma professora de crianças, Chapeuzinho Vermelho é completamente rebelde e trabalhada na maquiagem, isso sem falar em milhares de outros personagens interessantes como o Chapeleiro Maluco, Cinderela, Grilo Falante, João e Maria e por aí vai.

A série se desenrola com Emma em Storybrooke brigando pelo filho com a Rainha Má, ao mesmo tempo que se torna amiga da mãe sem ter a menor ideia do passado. Ao mesmo tempo, cada episódio traz um flashback de cada personagem no outro mundo, mostrando como eles eram corajosos e audaciosos. Esse é o legal da série. Cada pessoa ali pode ser sem graça de um certo modo, mas tem uma história muito bonita no passado sem ao menos se dar conta disso.

Podemos ver que Branca de Neve de boba não tinha nada, o Grilo Falante teve um passado triste, Regina já teve um lado bom e até Zangado já foi feliz. Outro personagem muito interessante é Rumpelstiltskin, tão poderoso e (quase) tão cruel quanto a Rainha Má, que se torna um agiota e vendedor de antiguidades no mundo real, mas ciente do jogo de poder em Storybrooke e fazendo seus moradores de simples marionetes.

Enfim, Once Upon a Time é aquela série que fala de romance e aventura sem esquecer de personagens relevantes e surpresas também. Tornar os personagens mais humanos, menos maniqueístas e ainda assim transmitir valores é a essência da série, que mostra que não é preciso chocar para se ter uma história de qualidade.

Atualmente a série está na sua segunda temporada

Post também publicado (com algumas modificações) no Leitura Nossa de Cada Dia

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Por que Cinquenta Tons de Cinza faz tanto sucesso?

Depois de uma temporada sem escrever (Com a faculdade em greve nem tenho desculpas para isso), volto com um assunto que está dando um comichão na ponta dos dedos para tratar.

Cinquenta Tons de Cinza, da autora E.L. James chegou causando "oohs". A história conta a trajetória da inocente Anastasia Steele que se apaixona pelo empresário ultrapoderoso Christian Grey e percebe que a relação com ele é muito mais intensa, assustadora e obscura do que pode imaginar. Cheio de traumas, Grey é adepto a algemas e chicotes, tornando a relação dos dois um contrato de submissão onde o contato visual pode gerar "castigos". O livro é comentadíssimo em programas de TV, séries, revistas e pela Internet em geral. Elogiado por uns, condenado por outros ( não sei se é pra valer, mas ouvi que a autora se baseara em Crepúsculo para escrevê-lo), o romance ganhou a mídia e pode até ser transformado em filme. A pergunta que fica é: vale esse auê?

Olha, honestamente, o livro não é um obra-prima genial como muitos apontam, tem um linguagem repetitiva, escrita tão simples quanto a do Crepúsculo( ou seja, quase colegial), uma protagonista com o mesmo senso de insegurança de Bella Swann e muitas, muitas passagens destinadas àquilo a que se propõe. Para falar a verdade, se não fosse a capa, o título e a mídia, ele estaria junto com os romances de banca. Mas agora vamos ao motivos que eu, na minha insignificante opinião, considero que tornam esse livro um sucesso:

A aparência do livro: como eu apontei, o título e a capa tornam esse romance muito promissor. Muitas decepções são advindas dessa propaganda toda. Se deixassem com aquela capa melodramática e título açucarado dos romances de banca, ninguém ia comentar nada.

A redenção do bad boy: apesar do que dizem por aí, eu NÃO acho que o principal motivo do sucesso sejam que as leitoras queiram inconscientemente uma relação assim, com chicotes, um dominador e tal. Claro, existe a parcela de leitores que realmente se interessam por isso, mas quer saber? No fundo, é a velha história do cara mau que se redime com a mocinha insegura e vive só para ela no final, o que motiva quase todos os romances de banca. Eu acho que as leitoras não querem a loucura do Sr. Grey, elas querem o próprio Sr. Grey! Ah, e claro com toda a sensualidade que ele oferece.

O romance sensual: na série de TV nova, Bunheads, perguntam a uma personagem por que ela gostou desse livro e ela responde: "Because it´s dirty". Ou seja, é isso mesmo, é o erotismo, a sensualidade, aquilo que desperta em muita gente o que elas jamais acharam que um livro faria. Obviamente não conhecem os romances de banca, como Sabrina e outros. Isso nos passa a outro tópico.

A mídia: se essas pessoas gostam tanto do erotismo da obra, por que não vão aos romances de banca, então? Mídia. Pura e simples. A mesma que enfeitou Dan Brown de gênio e Crepúsculo de romance imortal. Acho engraçado que os pseudointelectuais que resenharam tão bem esse livro são os mesmos que consideram os romances de Sabrina inferiores. Pois leram justamente um exemplo em capa de luxo!

Agora na boa, acho justo reclamar da propaganda enganosa e tal, mas se você não curte, é só não ler. Não vamos tornar essa obra algo primordial, porque está longe disso, mas ela serve para entreter e cumpre bem o seu objetivo. Quer algo mais bem escrito ou mais intelectual? Passe longe, sério mesmo.

O livro não merece esse ibope todo, a autora é muito fraca e clichê até, mas considero um pouquinho melhor que o reprimido romance de Crepúsculo. Espero que a autora (que tinha um bom material nas mãos e fez uma bagunça) consiga tornar esse relacionamento mais complexo e a protagonista menos idiota nos próximos livros. E sobre aqueles que se escandalizam com as cenas, bem , elas são quentes, o que se pode fazer? Ninguém te engana quanto a isso.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A Invenção de Hugo Cabret - Uma homenagem ao cinema


Um dos grandes nomes do Oscar este ano,
A Invenção

de H
ugo Cabret, do diretor Martin Scorsese, concorre a 11 prêmios este ano, seguido apenas por O Artista, que concorre a 10.
E o porquê desse filme "infantil" concorrer a tantas estatuetas?

O filme conta a história de Hugo Cabret (Asa Butterfield, de O Menino do Pijama Listrado), que após perder o pai, vive numa estação de trem dando corda nos relógios e roubando peças para construir um robô em que ele e o pai haviam tentado consertar e para isso conta com a ajuda da esperta Isabelle (Chloe Moretz, de Deixe-me Entrar). O segredo que o robô esconde remonta a uma sensível história que coincide com o início do cinema.
Esse, para mim, é o grande trunfo do filme. Para quem está habituado a filmes que se preocupam mais com ação do que com a história, pode passar longe. Hugo Cabret está disposto a contar uma história e não vai economizar tempo para estruturá-la bem.
Para quem não conhece o início do cinema, o filme pode introduzi-lo bem, com as amostras do primeiro filme já exibido, A Chegada do Trem até Georges Méliès, que mais do que um personagem da história, realmente existiu e criou filmes fantásticos que mexiam com a imaginação e a ilusão, podendo ser o começo dos "efeitos especiais" (E os seus filmes podem ser vistos no Youtube)
Tudo isso é entremeado com a busca de Hugo por uma família, a busca de Isabelle por aventuras reais e a busca pela felicidade por tantos outros personagens secundários da estação, com uma linda trilha sonora e ótima direção.
Há quem reclame que o filme não funciona bem para crianças, talvez até não, com a predileção de todos por filmes velozes e fáceis. Mas o filme funciona para quem é sensível, aprecia uma história bem contada e o cinema como um todo.